Qual é a real diferença entre dois iguais e três iguais em Javascript?

February 28, 2016

Com certeza, uma das coisas que chama muito a atenção para quem vem de outra linguagem e chega em Javascript são os operadores === e !==. Três iguais, como assim? Pra quê?

Eles servem para diferenciar até mesmo coisas que, para Javascript, são um pouco semelhantes. Vamos lá.

Um monte de gente define os == (dois iguais) como operadores que comparam dois valores, mas ignoram o seu tipo. E os === (três iguais) como operadores que comparam dois valores, porém levam o tipo em consideração. Esta definição explica de uma maneira reduzida e um pouco incompleta o que de fato ocorre.

O cerne da diferença é a permissividade de se fazer coerção ao comparar valores. Coerção são transformações de tipos feitas em tempo de compilação, que na minha opinião, é algo que deveria fazer parte do cinto de utilidades de todo mundo que deseja se aventurar pela linguagem.

Os dois iguais são um pouco mais flexíveis. O operador tenta fazer a conversão dos objetos que estão sendo comparados para que um tenha o tipo do outro, para então compará-los.

Alguns exemplos são

'1' == 1 //true
'0' == false //true
'' == false //true
'' == 0 //true
'' == '0' //false
1 == '1' //true
2 == '2' //true
'abc' == new String('abc') //true

O que ocorre aqui? O compilador tenta identificar os tipos dos dois operandos para que possa então avaliá-los.

'1' == 1

Após identificar os tipos, o compilador tenta fazer uma combinação de transformações, convertendo um tipo no outro para que possa comparar os valores. No nosso caso, ‘string’ para ‘number’, obtendo dois ‘number’ ou ‘number’ para ‘string’, obtendo duas ‘string’. Uma aproximação do que é feito pode ser vista no bloco de código abaixo.

'1' == String(1) //transformando um number numa string para comparar
Number('1') == 1 //transformando uma string num number para comparar

Caso seja possível comparar os valores apenas com a primeira tentativa de conversão, o compilador não tentará a segunda. Esta só feita quando a primeira falha.

Caso os resultados após a coerção retornem true, então a comparação retorna true. Em caso contrário o operador retorna false.

Os três iguais são bem menos gentis. São a forma estrita do operador anterior. Enquanto aquele transforma os tipos, este compara os objetos diretamente, sem tentar converter tipos. O resultado é mais franco e mais simples de se observar.

'1' === 1 //false
'0' === false //false
'' === false //false
'' === 0 //false
'' === '0' //false
2 === '2' //false
'abc' === new String('abc') //false

Percebe? Basta notar que os tipos são diferentes e você já consegue imaginar o retorno.

Existe em alguns sites uma tabela um pouco confusa que mostra o resultado de comprações feitas com os dois iguais e resultado de comparações feitas com os três iguais. Essa tabela é grande porque Javascript possui valores que classifica como truthy e falsy. Em algumas situações pode ser interessante que tenhamos um operador que não permita coerção de tipos e em outras, o contrário.

De encontro à opinião de muita gente, coerção é algo legal, se bem utilizada. É bom saber quando utilizar dois iguais ou três iguais, dá uma maior sensação de controle sobre o seu código, você sabe de fato o que está acontecendo e não se torna dependente de linters.

Fico por aqui. Comenta aí, conta um pouco sobre suas experiências.

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